Eu percebo a lógica de dizer isto, que é realmente estranho afirmar que há censura e fazê-lo em directo num jornal nacional. Mas apontar para essa contradição como forma de desmentir o tema em causa é não perceber o tipo de censura existente em Portugal.
Não é a de lápis azul, prisão de opositores ou cortes súbitos de emissões. É antes a censura que se consegue pela ameaça da perda de emprego, do fim de apoios financeiros ou da rejeição de projectos. É, por outras palavras, o método do medo que gera auto-censura. E isso existe um pouco por todo o país, perpetuado por pessoas de diferentes quadrantes políticos, mas sempre com um ponto em comum: a dificuldade em lidar com críticas e o desejo de poder sem oposição.
Se não acreditam, vão viver para uma autarquia da província e logo descobrem até onde a coisa chega. O 25 de Abril pode ter trazido o direito à livre expressão de ideias e opiniões, mas não trouxe por decreto o seu exercício pleno.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
A censura "à portuguesa"
Publicado por Héliocoptero às 11:54
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2 comentários:
Caro Hélio,
Não é só nas autarquias de província, o mesmo acontece em algumas mesmo bastante urbanas.
No Porto, por exemplo. Não me esqueço daquele episódio do regulamento que retirava apoios a jornais que falassem mal da autarquia...
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