terça-feira, 10 de março de 2009

Colecção Eleições 2009 #6

Há por aí uma mensagem a correr o Hi5 onde se fala na necessidade de votar no PS para que o casamento entre pessoas do mesmo sexo venha a ser legalizado. Diz que o Bloco e os Verdes não foram capazes de votar a favor dos projectos-lei um do outro e que, caso os socialistas não consigam a maioria absoluta, o PSD e o CDS vão estar em posição de condicionar o PS e impedir a consagração de direitos dos homossexuais. Desconheço o autor da mensagem, mas dá para suspeitar sobre qual a sua militância ou simpatia partidária. Porque o súbito interesse dos socialistas na igualdade de acesso ao casamento civil tem mais a ver com um desejo de travar a ascensão do Bloco do que com um real interesse nos direitos dos homossexuais.



Se assim não fosse, o PS teria dado liberdade de voto aos seus deputados no passado dia 10 de Outubro; ou, quando muito, ter-se-ia abstido. Votar contra com disciplina de voto imposta foi um gesto próprio de um partido que vê no casamento entre pessoas do mesmo sexo uma negação dos seus valores essenciais. Foi coisa própria de um CDS ou até de um PSD de Manuela Ferreira Leite. Que escassos meses depois tenha proposto aquilo que chumbara - chegando ao ponto de elevá-la ao estatuto de bandeira socialista - diz muito do modo como o PS encara os direitos dos homossexuais como um mero joguete eleitoral e não uma matéria ideológica de base.

Convém não esquecer o dia 10 de Outubro e lembrar que o Partido Socialista que pede hoje maioria absoluta foi aquele que, detendo essa mesma maioria, usou-a para votar contra a igualdade de direitos. Exactamente cinco meses depois, é de pensar se vale a pena confiar outra vez.

O próximo número sai dia 25 de Março, aqui e no Devaneios LGBT.

2 comentários:

Anónimo disse...

muito bem colocado!

espera-se por declarações públicas esclarecedoras, por parte do PS.

z

Pedro Fontela disse...

Há alguma coisa a esclarecer? Mais uma pulhice por parte de um partido político. Business as usual.