O Instituto do Emprego e Formação Profissional, organismo público tutelado pelo Ministério do Trabalho e da Segurança Social, abriu um concurso de vinte e seis vagas para técnico administrativo principal. Para a prova escrita prevista no processo de selecção, o dito instituto propôs o estudo da lei orgânica do seu ministério, os estatutos, os novos regimes de vinculação, de carreiras e de remunerações, o regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas e respectiva regulamentação, a lei do Sistema Integrado de Gestão e Avaliação de Desempenho na Administração Pública, o plano oficial de contabilidade pública, o Código de Procedimento Administrativa e o Código dos Contratos Públicos. Tudo documentação técnica própria do cargo ao qual se destina o concurso.
No entanto, no meio das recomendações de estudo surge também o programa Novas Oportunidades, nomeadamente a secção "ambição" na página oficial, onde uma pessoa dá de caras com isto. Sim, é um texto político do grande líder José Sócrates. Aparentemente, quem quer ser administrador público tem que estudar e analisar textos políticos lado a lado com documentação técnico-jurídica especializada para o cargo que se pretende ocupar. O presidente do Instituto do Emprego, segundo esta reportagem, acha que a coisa até podia não estar entre os docmentos de estudo, mas não aceita que se trate de evangelização política. Que é um texto de natureza política e não técnica, mas que "também não é um crime de lesa-pátria".
Pois não, caro senhor Francisco Madelino. É apenas um sintoma do quotidiano podre de um regime onde o argumento da "confiança política", já de si uma coisa lodosa quando aplicada a quadros administrativos, passou a ser sinónimo da bajulação e de subserviência como condição de emprego. Até se pode ser um excelente técnico, com um vasto conhecimento da necessária literatura jurídica e dono de uma sólida integridade, mas nada como a leitura e análise de um texto de um líder político para se avaliar quem ocupa um cargo administrativo. Aliás, bem vistas as coisas, quem é a pessoa íntegra e com uma consciência minimamente crítica que aceita que a avaliação dos seus conhecimentos técnicos seja "complementada" com uma avaliação de natureza política? Nenhuma! Mas talvez isso seja um critério de exclusão...
sábado, 10 de janeiro de 2009
Maravilhas da partidocracia #1
Publicado por Héliocoptero às 11:08
Etiquetas: Partidocracia
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário