Esperança é a capacidade de acreditar ser possível um acontecimento muitas vezes tido como impossível. É, contra obstáculos que se agigantam no horizonte, o ser capaz de vislumbrar um trilho de sucesso. É esperar o inesperado. Quando Obama lançou a sua campanha à presidência americana, há pouco menos de dois anos, não lhe faltavam dificuldades pela frente nem quem lhe apontasse a impossibilidade de vitória da empresa a que se propunha: porque era negro, porque tinha um nome demasiado parecido com Osama e com Hussein pelo meio, porque crescera num país muçulmano, porque tinha pouca experiência política e, como se isso não bastasse, porque teria que enfrentar uma Clinton que tinha ao seu dispor uma fortuna, a popularidade do seu marido e o apoio do aparelho partidário democrata. Impossível vencer, portanto. E, no entanto, houve esperança. Vinte e um meses depois, ei-la coroada de sucesso, esperança feita facto pela vontade e trabalho de muitos que, contra os limites do status quo e a fatalidade de aparelhos, tornaram possível e depois realidade o que ontem era tido por impossível e irreal. Porque houve inteligência e meios para isso, sem dúvida, mas acima de tudo porque houve esperança. Sem ela, não se teria dado o primeiro passo nem preseverado face à adversidade.
Yes we can! foi o chavão da campanha de Obama. Não podia ter sido outro. É essa a resposta que se dá a quem diz que um sonho não tem hipótese de se realizar. Martin Luther King tinha um e transmitiu-o, Obama teve o seu e concretizou-o. E fê-lo enquanto era avisado que não era possível. Nas palavras do nosso poeta, o homem quer e a obra nasce, ao que hoje podiamos acrescentar: havendo esperança, sim, nós podemos; sim, ela nasce.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
O sucesso da audácia
Publicado por Héliocoptero às 04:14
Etiquetas: Democracia, EUA
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2 comentários:
Acho que muita gente na euforia da retórica de Obama se esqueceu que acabou de sacrificar a comunidade LGBT... nunca o vi defender claramente uma posição progressista. E dado quem contribuiu com uns quantos milhões para a campanha dele (sectores comerciais) também não sei se deveremos esperar qualquer tipo de afirmação do poder politico face à oligarquia comercial.
Sim, o Obama não é o maior entusiasta da causa LGBT e sim, também não está isento de apoios financeiros comerciais.
Mas também é verdade que, entre ele o os republicanos, prefiro Obama no que diz respeito aos direitos de gays e lésbicas; também é verdade que muito do financiamento da sua campanha veio de milhares e milhares de pequenas doações anónimas, num óptimo exemplo de como o pequeno esforço de muitos produz coisas grandes; e, também é preciso não esquecer, a eleição de Obama mostra que as mentalidades mudam e que é possível ultrapasar os maiores obstáculos num país conservador. Para quem quem defende os direitos LGBT, esse é o maior sinal de esperança, principalmente quando na Califórnia se prepara a aprovação da proposta 8.
Hoje foi eleito um negro com os nomes Obama e Hussein; amanhã será a vez de outras minorias. Esperança na mudança é a lição desta campanha.
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