sábado, 26 de janeiro de 2008

Olha a novidade...

O fenómeno da corrupção é um dos cancros que mais ameaça a saúde do Estado de Direito em Portugal. Há aí uma criminalidade em Portugal muito importante, da mais nociva criminalidade para o Estado, para a sociedade, e que andam aí impunemente e alguns deles andam aí a exibir os benefícios e os lucros dessa criminalidade. Alguns, inclusive, ocupam cargos relevantes no Estado português. (citação retirada daqui)

Ditas estas palavras pelo Bastonário da Ordem dos Advogados, pouco surpreende a reacção de uma das forças políticas acostumadas ao poder. Afinal, o PS e o PSD são os dois partidos catch-all que rodam sistematicamente na cadeira do governo, agora eu e depois tu, aparelhos instalados que visam o poder mais para satisfação de desejos carreiristas e económicos de militantes ou apoiantes e menos para o serviço à causa pública. Os dois maiores partidos são também dois dos maiores veículos daquilo que se tornou num modus vivendi em Portugal: cunhas, favores, tráfico de influências e amizades como forma de arranjar emprego, subir na carreira ou fazer negócio. Nos círculos do poder como entre os portugueses anónimos, nos contratos entre o Estado e grandes empresas como no licenciamento de uma casa particular do Zé Povinho num qualquer município perdido no interior. É corrupção generalizada ao ponto de ser vista como normal ou até aceitável, um modo de vida português que sai caro a todos, mas do qual ninguém parece ser culpado. Por isso é que muitos "andam aí impunemente e alguns deles andam aí a exibir os benefícios e os lucros dessa criminalidade".

As palavras do Bastonário da Ordem dos Advogados não dizem nada de novo. Chocam, isso sim, por terem saído das conversas de rua do português anónimo para a boca de alguém de destaque na praça pública. E isso é suficiente para causar um pequeno abalo. Até porque não faltam exemplos públicos das acusações feitas por Marinho Pinto. Basta pensar em Ferreira do Amaral, o ministro das Obras Públicas que concedeu à Lusoponte o milionário monopólio das travessias sobre o Tejo e que é agora presidente da... Lusoponte. Coincidência?

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