Há três anos atrás, eu escrevi isto sobre a eleição, para o parlamento neerlandês, de dois deputados de um partido de defesa dos direitos dos animais. Na altura, falava-se já no nascimento de uma força política semelhante no Reino Unido e eu perguntava quanto tempo iria ser preciso até o exemplo ser copiado em Portugal. A resposta veio hoje: está a circular uma petição para a criação do Partido Pelos Animais.
Confesso que tenho algumas dúvidas sobre a legitimidade jurídica da noção de direitos dos animais, por óbvia incapacidade de cumprimento consciente de deveres correspondentes. Admito que a expressão seja usada por convenção ou de forma mais pessoal. Mas sinto-me mais à vontade com a noção de dignidade. Afinal, estamos a falar de seres que nos alimentam, que trabalham para nós, que ajudam humanos, que guardam bens e pessoas, que nos fazem companhia, que sentem dor e medo e que, em muitos casos, afeiçoam-se a nós do mesmo modo que nós nos afeiçoamos a eles. Que, apesar de tudo isto, os animais sejam considerados objectos, tratados como ou pior do que uma caixa de mercadorias, um computador ou um brinquedo, não é só chocante: é repugnante! E merece, assim sendo, medidas legislativas à altura. Coisa que, até ver, nenhum partido com representação parlamentar soube fazer; nalguns casos, até se avançou no sentido contrário, como no episódio de Barrancos.
Que siga por diante, então, o projecto de criação do PPA! A página oficial já cá canta e a ficha para a recolha das assinaturas necessárias encontra-se aqui. Se a classe política vira as costas ao tema, ganhe-se um lugar no espectro político. Não é nada de novo no quadro europeu e será uma iniciativa bem vinda num país de mentes provincianas como o nosso, onde a dignidade animal, tal como a protecção ambiental, são relegadas para o fim da lista de preocupações em tempos de crise. Como se fossem coisas lúdicas a esquecer quando o assunto é sério. Onde é que já ouvi o argumento das prioridades a respeito de outras causas...
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Já cá chegou!
Publicado por Héliocoptero às 13:44
Etiquetas: Direitos dos Animais, Partidos políticos
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