Ao décimo número da colecção, é hora de recordar a "modernidade" da "esquerda" socialista. E não é de qualquer forma que o PS é moderno. Não! Os socialistas estão na vanguarda da inovação ideológica, são o porta-estandarte de novos tempos de convicção e coerência políticas. Surpreendem pelo inesperado e deixam qualquer adversário confuso pela sua lógica insondável.
O PS é, de facto, a "esquerda moderna"! Tão "moderna" que desafia a mais elementar lógica parlamentar, votando contra o que ele próprio diz defender. Um dia hão-de ser escritos incontáveis tratados sobre o assunto. Haverá um tempo que será inscrita nos anais da política a história de um grupo de deputados que, mesmo dizendo-se favoráveis a uma proposta, não puderam votar livremente nela; de um grupesco parlamentar que, mesmo dizendo que o problema era a altura e não a proposta, foi incapaz de agir em consonância e abster-se na votação. Em vez disso, contra as suas próprias palavras e convicções, votou contra com disciplina de voto imposta. Como se aquilo que se propunha fosse uma violação dos mais elementares princípios da esquerda. E clamando sempre que era a favor apesar de votar contra. Ou contra apesar de se dizer a favor. Qualquer coisa do género...
Eis, então, uma reedição socialista do Sir Robin dos Monty Python: confrontado com a proposta de legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo no passado dia 10 de Outubro, o PS fugiu com coragem, deu à sola com bravura e meteu o rabo entre as pernas com valentia. E eu não tenho o mais pequeno desejo de recompensar nas urnas tamanha façanha da "esquerda moderna" socialista.
O próximo número sai dia 19 de Maio, aqui e no Devaneios LGBT.
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