O Natal anda a consumir-me tempo à medida que me desdobro em enfeites, oferendas, postais e os preparativos para o solstício de Inverno. Tanto assim é que até me esqueci que 17 de Dezembro é dia de Saturnalia segundo o calendário festivo da Roma Antiga.
Originalmente uma celebração de apenas um dia, diz Tito Livio que no aniversário da consagração do templo a Saturno, era uma festividade de abundância, paz e fartura a poucos dias do solstício de Inverno. A efeméride abria com um sacrifício matinal, seguido de um banquete aberto a todos. Ao mesmo tempo, Roma deixava-se tomar por um ambiente de festa que proibia o trabalho e os negócios e dava rédea livre a jogos, troca de presentes e à suspensão temporária da ordem social, com os nobres a deixarem de parte a indumentária que denunciava o seu estatuto e os escravos a desfrutarem de um dia livre, nalguns casos servidos até pelos seus donos. Era uma reprodução anual daquilo que os romanos entendiam como os traços que tinham caracterizado a Idade de Ouro de Saturno: igualdade, concórdia e prosperidade. A popularidade da celebração era tal que o número de dias festivos passou de um para três e, mais tarde, uma semana inteira de festa, de 17 a 23 de Dezembro! E, pelo meio, nas ruas como nas casas, ecoavam gritos de Io, Saturnalia!
Sem ainda ter feito as devidas oferendas (ainda!), aqui fica, no entanto, uma homenagem virtual ao própero Pai Saturno na forma desta entrada e do vídeo que se segue, alegre e mais próprio do dias quentes de Verão, mas por isso mesmo adequado para as comemorações de uma Idade de Ouro às portas do solstício de Inverno:
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Io, Saturnalia!
Publicado por Héliocoptero às 20:10
Etiquetas: Politeísmo, Religião, Religio Romana
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2 comentários:
Estava aqui a pensar no que escreves e assim de repente veio-me à cabeça que esta seria uma óptima ocasião para queimar (simbolicamente) aquelas coisas negativas que nos atormentam ou preocupam! Provavelmente não há bases históricas para esta inovação ritual mas pareceu-me interessante.
Não sei se não terá bases históricas, mas, mesmo que não tenha, não deixa de ser uma ideia a considerar. Afinal, se ano novo é vida nova, nada como deixar para trás o que de mau teve a vida velha ;)
Talvez seja algo a incluir num ritual de Ano Novo ao deus Jano.
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