sexta-feira, 17 de julho de 2009

A res privada

O já popularmente chamado "negócio dos contentores de Alcântara" é um caso flagrante do Estado ao serviço dos interesses privados em detrimento do interesse público e da imoralidade que é a promiscuidade entre política e mundo empresarial. A Liscont, empresa do grupo Mota-Engil, liderado pelo socialista Jorge Coelho, recebe uma concessão de décadas do terminal portuário de Alcântara sem qualquer concurso e num negócio que, para além de poder ser inconstitucional, diz agora o Tribunal de Contas que é ruinoso para o Estado. Mais: a mesma instituição diz mesmo que o negócio só favorece a Liscont, o que equivale a dizer que o interesse público foi alienado à medida dos interesses particulares de uma empresa privada controlada por um socialista.

Que nada disto tenha ocorrido a quem no Governo elaborou o contrato, é coisa realmente espantosa. Que ninguém se tenha lembrado da incompatibilidade entre o contrato e o serviço ao país a que os titulares de cargos públicos estão obrigados, é verdadeiramente escandaloso. E que ninguém no executivo nacional tenha percebido o quanto o caso é gravoso para a já muito debilitada credibilidade da classe política, é não só ruinoso para a democracia, como um perfeito sintoma do estado de podridão do Estado Português.

Há já alguma surpresa no facto de este Governo socialista ter sistematicamente hesitado no combate à corrupção?

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