quinta-feira, 19 de março de 2009

Dia de Minerva

O dia de hoje é, para mim, especial. Não por ser Dia do Pai e não porque o meu não mereça o meu apreço. É-me especial porque, segundo reza a tradição da Roma antiga, o quinto dia sobre os idos de Março - que é hoje - assinala o aniversário da deusa Minerva e o início da Quinquatria, o festival em sua honra. Quer isto dizer que, para quem, como eu, é simultaneamente pagão romano e um académico (in the making que seja), o dia de hoje e os quatro que se seguem são de regozijo.

As origens da deusa romana são incertas. Por não ter um flamem, presume-se que não seja uma divindade arcaica entre os latinos, apontando-se em vez disso uma proveniência etrusca sob o nome de Mnerva ou Menerva. A dada altura identificada com a grega Atena, não será de desconsiderar a hipótese de ser essa, em última análise, a origem da deusa, chegada ou cruzada na Etruria por relações comerciais com a Helade e da Etruria para Roma antes de voltar a encontrar-se com a sua génese aquando dos estreitar de relações entre a urbe romana e as colónias gregas no sul de Itália. Mas seja qual for a origem de Minerva, o certo é que ela viria a ascender ao topo do panteão da religio ao integrar a tríade do Capitólio, lado a lado com Júpiter e Juno. Deusa das artes e do engenho que marca a personalidade de heróis como Ulisses, ela é a divindade virgem da guerra enquanto exercício de estratégia - logo, da razão - uma Senhora de profunda sabedoria e, dir-se-ia, protectora dos homens e mulheres que resistem e perduram pelo seu esforço e mérito. Por outras palavras, uma deusa de qualidades do espírito humano e, por isso mesmo, uma benfazeja da Humanidade.

E eu, que já nos meus tempos de petiz olhava para ela com fascínio (ainda hoje guardo em casa uma taça grega com uma imagem de Atena), vibro agora com o aniversário de Minerva. O dia começou, por isso, com um banho e uma oferenda de incenso, a que se juntará ainda o derramar de azeite nos ramos de uma oliveira e um conjunto de entradas neste blogue, a começar com esta e a prolongar-se durante os restantes quatro dias da Quinquatria. Mesmo sem poder realizar uma cerimónia romana apropriada, o dia de tão inclíta deusa não passa em claro.

Um adoratio a Minerva!

2 comentários:

Anónimo disse...

e hoje é mesmo um dia de parabéns para ti por causa do pássaro de Minerva ali ao lado!

por coincidência acabei de mandar o texto sobre o tempo sagrado inspirado numa abertura de Eliade, lá para não-sei-onde, que era para amanhã no equinócio poder estar

dias felizes para ti,

z

Anónimo disse...

Prezado amigo,
Peço a gentileza de me informar o local em que esta estátua se encontra, bem como se há fotos com melhor definição da mesma.
Aguardo ansioso pela resposta.
Celso Martinez
celso@athena.eng.br