A JS critica também o Bloco de Esquerda e “os Verdes” por terem agendado a discussão dos diplomas sem antes terem assegurado um consenso na Assembleia da República que permita a sua aprovação.
As palavras são de um comunicado da JS, no qual os "jotinhas" anunciam ter desistido de agendar para esta legislatura a sua proposta de alargamento do casamento civil aos casais homossexuais (ver notícia aqui). Parece que, não obstante os esforços dos mais novos, os "cotas" socialistas ainda não limparam o pó da massa cinzenta e estão mais interessados em varrer a questão para as calendas gregas. Consta que é por causa das eleições legislativas de 2009, que uma coisa "fracturante" como o casamento de gays e lésbicas arrisca-se a causar fendas no bafiento centrão e a fracturar o eleitorado socialista.
A minha cabeça irrequieta tem, no entanto, uma dúvida. Como é que um partido que evita agora a questão por medo eleitoralista vai ter sequer coragem para a colocar na sua lista de propostas para 2009? É que se o PS tem receio de avançar com a coisa agora para não perder votos daqui a um ano, é de questionar se terá coragem para o fazer em plena campanha eleitoral. Alguém está a ver os medrosos socialistas de hoje a avançarem com a ideia dos casamentos homossexuais amanhã, a poucos meses da abertuda das urnas? E, se não o fizerem, como é que a incluem no programa eleitoral? E, se não a incluirem, com que argumento irá, então, avançar a JS depois de 2009? Esquecimento? Descuido? Cobardia? Estupidez? Falta de autorização dos mais velhos? Coitadinhos dos "jotinhas", tão autónomos e, ainda assim, tão inteiramente dependentes dos "graúdos" do partido. Fica-se na dúvida de qual a utilidade das juventudes políticas, se a apresentação de propostas de facto, se serviço de cosmética e retórica com a entrega de empregos nas autarquias à mistura.
É por essas e por outras que faz pouco sentido a crítica de que são alvo o Bloco de Esquerda e os Verdes. Hesitações à parte, ao menos eles têm coragem para dar um passo concreto. Não páram nos cartazes, campanhas e projectos-leis que esperam até o rei fazer anos. Avançam! Debatem! Votam! Podem perder por ausência dos "entendimentos indispensáveis ", mas, porque dão o derradeiro passo em frente e dizem presentes!, contribuem para o agitar de águas que provoca aquele debate que a classe política diz faltar sem que, no entanto, nele participe. Enche-se a boca de palavras e os cartazes de gestos, profere-se discursos a criticar a concepção desadequada de casamento de Manuel Ferreira Leite para, meses depois, seguir-se a oratória dela ao nem sequer permitir a liberdade de voto. A JS, hoje, cumpriu o seu rito de passagem: meteu o rabo entre as pernas à semelhança da direcção socialista e, com isso, ascendeu à mesma categoria hesitante e inconsequente dos séniores.
Se eu já tinha motivos em abundância para não votar no PS em 2009, acabei de ganhar mais um. E farei questão de dar o meu melhor para que familiares e amigos também evitem meter a cruz na bafienta rosa de altar que dizem os boatos dar pelo nome de socialista.
Publicado em simultâneo no Devaneios LGBT
domingo, 21 de setembro de 2008
O rito de passagem da JS
Publicado por Héliocoptero às 19:04
Etiquetas: Casamento civil, Direitos LGBT, Partidos políticos
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