Em qualquer democracia normal, é esperado e até desejado que todos os cidadãos sejam dinâmicos, informados, conscientes da realidade nacional e sempre dispostos a intervir na gestão da coisa pública, quer como eleitos, quer pelo exercício da liberdade de expressão, manifestação, associação, etc. Num mundo que é hoje uma aldeia global e que exprime preocupações universais por mecanismos de alcance internacional, sejam instituições como as Nações Unidas, organizações como a Greenpeace ou tratados como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, é esperado e até desejável que os deveres de cidadania ultrapassem fronteiras nacionais e sejam exercidos também com vista à gestão da coisa pública mundial.
Foi exactamente isso o que fez Bob Geldof quando acusou Angola de ser dirigida por criminosos e chamou a atenção para a corrupção e pobreza profundas naquele país. O músico irlandês exerceu a sua cidadania universal, conforme é seu direito. Mira Amaral, no entanto, discorda: em entrevista à TVI (agradece-se a quem encontre um vídeo ou artigo), o ex-Ministro das Obras Públicas, agora presidente executivo do BIC, afirmou não reconhecer a um cantor pop qualquer autoridade para se referir à situação em Angola. Pelos vistos, é preciso ser-se um técnico para se poder exercer a liberdade de expressão e direito de crítica à gestão pública de um país, dando a entender que, pelo menos quando não lhe convém, Mira Amaral prefere a tecnocracia à democracia.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
A defesa da tecnocracia
Publicado por Héliocoptero às 22:33
Etiquetas: Democracia, Sistemas políticos
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