tag:blogger.com,1999:blog-45224199960588958282024-03-13T12:50:12.892+00:00Penates PubliciPolítica * Sociedade * Causas civis * História * ReligiãoHéliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.comBlogger233125tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-12776871961141474352010-04-21T10:25:00.005+01:002010-04-21T11:21:05.549+01:00Novo projecto<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-uNtAfwddbQtbuquaqSpbACF6z9cStkRXy9MFx638BLwubnsHV0fhWChEA22zzuajcvSLUHXfCdzFiVHYSe9yQj1nzmdFe9L0Vq89QyXGw8I4DuEAgOZZKl26-gwveC4jdWlKN6NFfFNJ/s1600/Uppsala+05.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 120px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-uNtAfwddbQtbuquaqSpbACF6z9cStkRXy9MFx638BLwubnsHV0fhWChEA22zzuajcvSLUHXfCdzFiVHYSe9yQj1nzmdFe9L0Vq89QyXGw8I4DuEAgOZZKl26-gwveC4jdWlKN6NFfFNJ/s400/Uppsala+05.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5462533737146243218" /></a><br />Quem se mova no meio e leia o que vai aparecendo, inevitavelmente chega à conclusão que o mundo politeísta ou pagão em Portugal é pobre, muito pobre. A qualidade académica das discussões é baixa, os temas debatidos esgotam-se demasiadas vezes numa agenda magico-esotérica e a presença nos debates inter-religiosos é insípida (o que não é de surpreender). E depois há ainda o problema das ligações de alguns grupos à extrema-direita, o que reduz ainda mais a qualidade do meio.<br /><br />Ao mesmo tempo, há uma comunidade politeísta crescente que usa o inglês como língua nativa ou de comunicação e que expande há já vários anos a sua presença na internet, multiplicando grupos, listas de discussão e blogues. Como eu já estou um bocado cansado da mediocridade nacional, decidi "juntar-me à festa" e emigrar virtualmente (enquanto a real também não chega).<br /><br />A partir de 1 de Maio, dia auspicioso e antigo ponto de viragem no calendário, vou estar como escriba de um novo blogue chamado <a href="http://goldentrail.wordpress.com/">Golden Trail</a> (trilho dourado), onde o tema principal será politeísmo em particular e religião em geral, com muito de prática, crenças e gnosis pessoal à mistura. E tudo em inglês.<br /><br />Este sítio continuará aberto. Porque de vez em quando lá vou escrevendo qualquer coisa sobre o "pântano" e porque aqui vou pondo ocasionalmente traduções portuguesas de coisas que escreva do outro lado.Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-74102411393618673372010-04-18T20:40:00.011+01:002010-09-29T11:05:06.061+01:00Praticar ou não praticar<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtH8mgNZhwu35GyS0aYmY0lnMAbtIxs6XxiYUmkQTt-8mkDieN7KP7-xiqxbNSxdyWYZLn2KF0SIZOvAZbUI6ltSV2_TyVd3BIvZonv6YQwyOU198y6wTO8M6u9pshsluEwuLl7z8XJIpS/s1600/Religi%C3%A3o+01.png"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtH8mgNZhwu35GyS0aYmY0lnMAbtIxs6XxiYUmkQTt-8mkDieN7KP7-xiqxbNSxdyWYZLn2KF0SIZOvAZbUI6ltSV2_TyVd3BIvZonv6YQwyOU198y6wTO8M6u9pshsluEwuLl7z8XJIpS/s200/Religi%C3%A3o+01.png" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5461592539357533362" /></a>Num encontro realizado em Alcobaça, o Cardeal Patriarca de Lisboa <a href="http://www.publico.pt/Sociedade/cardeal-patriarca-de-lisboa-defende-diminuicao-de-cristaos-faz-de-conta_1432772">defendeu</a> a necessidade de diminuir o número de cristãos "faz de conta", coisa que muito deve preocupar a instituição romana. Ainda há dias, o <em>Expresso</em> <a href="http://aeiou.expresso.pt/portugal-tem-apenas-2-milhoes-de-catolicos-praticantes=f576895">noticiou</a> que só dois milhões de portugueses são católicos praticantes, o que, num país a roçar os onze milhões de habitantes, equivale a dizer que o catolicismo só é "a sério" para menos de 20% da população. E como é que vinte em cada cem podem justificar dias livres durante uma visita papal?<br /><br />Mas, para lá dos privilégios, a questão dos cinco a seis milhões de católicos não-praticantes é revelador da forma de ver e viver o religioso em Portugal. O pragmatismo, a ausência de debate, a inexistência de pesquisa individual (por falta de meios ou de vontade) e até indicadores de identidade juntam-se num <em>cocktail</em> que leva a essa disparidade de milhões entre os que são de facto católicos e os que o são nominalmente.<br /><br />Tenho em crer - porque diz-me a experiência e não um estudo cientifico - que muitos são católicos praticantes porque não sabem que mais ser. Isto é, são pessoas que se sentem religiosas, que recorrem ao espiritual em momentos de necessidade ou em ritos de passagem (como um casamento) e a forma que dão a essa sua espiritualidade é aquela que está mais à mão: o catolicismo. E fazem-no de uma forma muito pragmática em que ligam pouco ou nada a dogmas ou doutrinas e querem acima de tudo a concretização de desejos ou um sentido para actos muito específicos. Se preciso for, recorrem ao sincretismo religioso para atingirem os objectivos: quem conheça a realidade fora dos grandes centros urbanos, depressa percebe que rezas, mezinhas e símbolos não católicos convivem facilmente com santos do catolicismo em práticas que visam a obtenção de saúde, dinheiro, sucesso na escola ou no negócio, etc. Nada de muito filosófico ou teológico, tudo muito prático.<br /><br />Questionadas sobre qual a sua religião, essas pessoas respondem ser católicas. Não-praticantes, claro está, que não vão à missa nem se reconhecem na Igreja, mas católicos, não obstante. Verdade seja dita, são poucos os portugueses que têm meios ou sequer vontade para realmente definirem e escolherem uma religião ou nenhuma. Fazê-lo implica pesquisar, ler, reflectir, debater e até experimentar, coisas muitas vezes distantes da realidade quotidiana de um país com baixos níveis de instrução, baixos índices de leitura e com pouca cultura debate, nomeadamente no religioso. Afinal, em quantas casas portuguesas se discutirá religião à mesa? Em quantos cafés e com que frequência? Quantos pais oferecem ou põem à disposição dos filhos livros que debatam temas religiosos (por oposição à literatura doutrinária)? Trata-se de uma coisa demasiadas vezes não-discutível, por indiferença ou por imposição de tradição familiar; se não é discutido e pensado, como pode alguém ser parte consciente e praticante de uma fé?<br /><br />Por fim, há ainda uma questão identitária. Ou seja, um português que queira definir a sua religião em pouco tempo faz um exercício ao género de se olhar ao espelho e pensar que judeu não é, porque não sabe hebraico e não usa um "chapelinho"; muçulmano também não, porque não se dobra várias vezes ao rezar numa língua que não conhece, não se vira para Meca e porque não usa barba (se for homem) nem se tapa toda (se for mulher); hindu não, porque não é indiano nem vem de um "país tropical"; budista talvez também não seja, porque não rapa o cabelo, não faz meditação e não é tibetano; e ateu também não, porque acredita ou quer acreditar em alguma coisa. Os protestantes não têm santos e os ortodoxos é coisa de países de leste. E acaba mais ou menos aqui o conhecimento geral que muitos portugueses têm sobre outras religiões, que é simultaneamente uma lista de diferentes formas do "outro". Manda portanto que o sentido de identidade opte por algo "nosso", o bom e velho produto nacional, que neste caso é o catolicismo.<br /><br />É de estranhar que, há algum tempo atrás, um estudo de opinião tenha concluído que um número considerável de pessoas acha que ser português equivale a ser católico?Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-46991179057882516192010-03-19T15:09:00.004+00:002010-03-19T15:17:33.592+00:00Privacidade em público?Consta que há deputados chateados com o que os jornalistas fotografam no plenário da Assembleia da República. Parece que hoje, por não gostarem da resposta de Jaime Gama, um grupo de deputados socialistas bateu com as tampas dos computadores em jeito de protesto (notícia <a href="http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/deputados-socialistas-batem-com-as-tampas-dos-computadores_1428416">aqui</a>). <br /><br />No meio disto, a única coisa que parece escapar aos representantes da Nação é a natureza obviamente pública do seu cargo. Ou, por outras palavras, um deputado no exercício das suas funções é naturalmente escrutinado a todo o tempo, principalmente na reunião magna do parlamento. O seu estatuto de eleitos faz deles pessoas públicas, pelo que, se querem evitar a devassa da sua vida privada, <strong>não se ocupem dela quando estão a trabalhar!</strong> <br /><br />Quando é que a nossa "elite" parlamentar percebe isso?Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-55943951673078774582010-03-18T20:39:00.005+00:002010-03-18T20:47:39.734+00:00Quinquatria 2763 a.u.c. (2010 d.C.)O sol já se pôs e entrámos no dia 19 de Março. Estamos na Quinquatria, o festival em honra da deusa Minerva!<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJT_YN-NbW642G1NZG-W43mwDlg5sxmtR1I0d1rKc2FTp3zMHoCnReVupYRX7WvJg04oqXq1zfgZppPHYbbzZRhnvTuUbpXZRW2dN0FzOcIUkwG2JNbcX2nU0iR4UJgFct6ChU-l6uuwUp/s1600-h/Minerva+01.jpeg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 264px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJT_YN-NbW642G1NZG-W43mwDlg5sxmtR1I0d1rKc2FTp3zMHoCnReVupYRX7WvJg04oqXq1zfgZppPHYbbzZRhnvTuUbpXZRW2dN0FzOcIUkwG2JNbcX2nU0iR4UJgFct6ChU-l6uuwUp/s400/Minerva+01.jpeg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5450077434245376162" /></a><br /><br />Deixo os meus desejos de sucesso académico e profissional a todos os leitores e uma <a href="http://www.manygods.org.uk/articles/essays/Minerva.shtml">sugestão de leitura</a>. Salvé, Minerva!Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-33267259240259080072010-03-16T22:34:00.009+00:002010-03-16T23:09:48.751+00:00Fidelidades<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDA05cpfIhQXBQB_Qo1c_L8Pa5QAejNu0gPuTTTO7lFNwQfb4EsEUn_7S7pNyv-YEoAULTCsP-BYIYJxOotC4T1NJBRhETsnu9qGbUCKpYJ4oiU00CB9PqOnab8_5ThIDwWV4TGJQzePt6/s1600-h/Santana+Lopes+01.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 133px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDA05cpfIhQXBQB_Qo1c_L8Pa5QAejNu0gPuTTTO7lFNwQfb4EsEUn_7S7pNyv-YEoAULTCsP-BYIYJxOotC4T1NJBRhETsnu9qGbUCKpYJ4oiU00CB9PqOnab8_5ThIDwWV4TGJQzePt6/s200/Santana+Lopes+01.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5449372735019917346" /></a>Há qualquer coisa que cheira mal, muito mal nesta história de "fidelidade ao partido" que originou a tão "brilhante" proposta de Santana Lopes no congresso do PSD, já bem apelidada de lei da rolha. E não lhe faltam apoiantes, a julgar pela votação que obteve entre os delegados e as opiniões proferidas nos fóruns na televisão e na rádio, onde abundam palavras como "traição" e "desonestidade" na descrição dos que criticam a direcção do partido.<br /><br />Sinceramente, não percebo; ou melhor, percebo de onde vem a ideia, mas não concordo com ela nem um pouco. Um partido é (ou devia ser) um agrupamento ideológico, uma congregação de pessoas - os militantes - em torno de um conjunto de ideais fundamentais. É apenas a elas que se deve fidelidade, não a pessoas, direcções ou mesmo programas eleitorais. Esses vão e vêm numa mudança própria do regime democrático; as ideias base, os princípios fundamentais, esses ficam no longo prazo. E um militante tem o direito - diria até o dever - de criticar uma dada direcção ou programa se achar que ele fere as bases ideológicas do partido. Independentemente de haver ou não eleições à porta. Isto é o ideal; a realidade portuguesa é outra conversa.<br /><br />Eu quase que aposto que uma boa parte dos militantes do PSD não sabe quais os pilares ideológicos do seus partido; quase que aposto que a maior parte está no PSD por ser cavaquista ou sá caneirista, não por ser ou sequer saber o que é ser social-democrata. É nisto que se transformaram os partidos políticos portugueses: agrupamentos com base em fidelidades pessoais, quase sempre de natureza clientelar ou de divinização de um líder que se torna inquestionável. Nesse contexto, é perfeitamente natural que falar contra uma direcção partidária signifique traição ou quebra de fidelidade. Mas isso não é próprio de uma democracia, sendo que a maior prova é talvez o clima de silenciamento que acaba por gerar e, em momentos infelizes, institui-lo oficialmente, como foi o caso do sucedido no congresso do PSD.<br /><br />Dir-se-ia que ninguém é obrigado a estar num partido e que, se não concorda com o seu modo de funcionamento, pode sempre sair. É um facto. Mas talvez isso explique porque é que os partidos se tornaram tão pouco interessantes (para usar um eufemismo) e porque é que muitas pessoas de valor estão fora deles, enquanto lá dentro acotovelam-se multidões de clientes à espera de favores.Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-1586647773777657192010-02-25T18:53:00.002+00:002010-02-25T19:01:57.082+00:00Não digam que ninguém avisouEsta reportagem foi feita há dois anos e valeu o que valeu. E agora? Aprendemos alguma coisa com a tragédia?<br /><br /><div align="center"><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/aTf0h3nobAs&hl=pt_PT&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/aTf0h3nobAs&hl=pt_PT&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object></div><br /><br />E vale também a pena ler esta notícia do DN: <a href="http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1504157&seccao=Madeira">Só a Madeira não tem Reserva Ecológica Nacional</a>.Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-29758716542879053852010-02-24T20:34:00.003+00:002010-02-24T20:57:44.846+00:00Numa palavra: brilhante!Há um programa da BBC - o <a href="http://www.intelligencesquared.com/">Intelligence Squared</a> - onde, em cada edição, uma moção é posta a votação pelo público presente no estúdio e, para protagonizarem o debate, são convidadas várias personalidades que concordam ou discordam da ideia em cima da mesa. Uma espécie de <em>Prós e Contras</em>, mas num formato mais polémico e menos atolhado de participantes.<br /><br />Em Outubro do ano passado (sim, só agora é que descobri isto), o tema era <strong>A Igreja Católica é uma força de bem</strong>. O vídeo que se segue é o discurso que o actor britânico, Stephen Fry, fez contra a moção e eu só tenho três palavras para o descrever: brilhante, brilhante e brilhante!<br /><br /><div align="center"><object width="480" height="325"><param name="movie" value="http://www.dailymotion.com/swf/xbvr0m"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowScriptAccess" value="always"><embed type="application/x-shockwave-flash" src="http://www.dailymotion.com/swf/xbvr0m" allowfullscreen="true" allowscriptaccess="always" width="480" height="325"></embed></object></div><br /><br />E desculpem, mãe e pai, mas não há com legendas em português.Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-86227204664334849442010-02-21T14:20:00.006+00:002010-02-21T15:17:48.623+00:00A arte de não aprender<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNnqhMyieCxAGs-S3anxcVI28zJRDbP58WPt-bJtWqbLGXVbJW3Z_s1LIXiYM090tfoYBo8k0FyVZouz4g8tSsiKMO_JbRLNCaEoIuH73u4sLlnt8U0oM8Izng4jFe62pCy7GxzlH0MVey/s1600-h/Cheias+01.jpg"><img style="float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt; cursor: pointer; width: 320px; height: 225px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNnqhMyieCxAGs-S3anxcVI28zJRDbP58WPt-bJtWqbLGXVbJW3Z_s1LIXiYM090tfoYBo8k0FyVZouz4g8tSsiKMO_JbRLNCaEoIuH73u4sLlnt8U0oM8Izng4jFe62pCy7GxzlH0MVey/s320/Cheias+01.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5440715456825917074" border="0" /></a> A respeito do sucedido na Madeira e porque aquilo não acontece por mero acaso ou apenas por excesso de chuva...<br /><br />Há uma coisa chamada leito de cheia, que é o espaço para o qual um rio se expande em largura quando tem água a mais; é uma espécie de terreno extra para quando o caudal aumenta devido às chuvas. Se nós ocupamos essa área com casas e apertamos o rio entre muros, estreitando-o, então ele vai expandir-se em altura e violência por não poder fazê-lo em largura. Porque é que ainda não conseguimos perceber isto e continuamos a fazer casinhas, aldeamentos e urbanizações onde não devíamos? Seja por (estúpida) vontade nossa ou por incúria das autoridades que passam licença de construção e criam mecanismos que permitem ultrapassar regras de gestão do território.<br /><br />E, como se não bastasse o erro de início, depois cometemos o da perpetuação à custa do dinheiro dos impostos, isto é, não só não corrigimos erros de urbanismo e de planeamento, como ainda os mantemos com fundos públicos gastos a cobrir arribas com betão ou a criar " canalizações" - usando as palavras de Alberto João Jardim - para tentar manter águas num espaço exíguo. Eu percebo que se faça isso no caso de zonas históricas ou monumentos nacionais, mas é pura irresponsabilidade fazê-lo quando em causa estão habitações recentes, aldeamentos turísticos ou casas de férias.<br /><br />O dinheiro que se gasta a perpetuar erros que saem caro, muito caro em momentos como o actual, seria melhor empregue na expropriação e demolição do que não devia ter sido sequer autorizado. E isto já para nem falar de hospitais, quartéis de bombeiros ou de polícia construídos em leito de cheia...Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-89789556242155616882010-02-18T23:23:00.009+00:002010-02-19T11:53:05.397+00:00O Galvão de ontem, os galvões de hoje...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSq8Eyb3JVLqrq2Ex8_Hq5Wggyxq3BWez_z-ZVdU_MQnqP9-q2Cf3KSRxODNf1qgBOgHsZFedgliyctoMbwU_PSidlEtQixc2sLzPZt9ieqFkKm3kbqg0p73vYe66wtBN-2bAL8uQ6NcGH/s1600-h/Capit%C3%A3o+01.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 320px; height: 212px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSq8Eyb3JVLqrq2Ex8_Hq5Wggyxq3BWez_z-ZVdU_MQnqP9-q2Cf3KSRxODNf1qgBOgHsZFedgliyctoMbwU_PSidlEtQixc2sLzPZt9ieqFkKm3kbqg0p73vYe66wtBN-2bAL8uQ6NcGH/s320/Capit%C3%A3o+01.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5439739469114435186" border="0" /></a> Em 1974, depois do derrube do Estado Novo, um grupo de homossexuais entregou aos militares de Abril um documento onde era pedido o reconhecimento dos direitos de uma minoria sexual. A resposta veio pela boca do General Galvão de Melo, que repudiou o pedido dizendo que "o 25 de Abril não se fez para as prostitutas e os homossexuais o reivindicarem". Foi preciso esperar até 1982 para que o parlamento retirasse do Código Penal a criminalização da homossexualidade.<br /><br />Passados trinta e seis anos sobre a Revolução dos Cravos, parece ainda haver quem, entre os Capitães de Abril, continue a achar que Galvão de Melo tinha razão e que talvez não fosse má ideia voltar atrás no tempo. Só assim se explica que um grupo de militares da Revolução <a href="http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/grupo-de-militares-de-abril-contra-casamento-entre-homossexuais_1423169">traga a público uma carta aberta</a> contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, afirmando que a alteração legislativa em causa é <a href="http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/manifestacao-ultimas-tvi24-militares-abril-garcia-leandro-casamento-gay/1140048-4071.html">uma aberração</a> ou que "<strong>os militares que fizeram o 25 de Abril foram pessoas que arriscaram toda a sua carreira por algo em que acreditavam</strong>". E é aqui que eles - os senhores capitães que assinaram a dita carta - deviam meter a mão na consciência e ganharem vergonha na cara.<br /><br />O 25 de Abril produziu um regime democrático aberto, inclusivo, assente na dignidade humana e nos valores da igualdade e da liberdade. É isso, pelo menos, o que se entende por Democracia nos dias de hoje. Coisa bem diferente é fazer um regime à medida das convicções pessoais do/a sujeito/a A ou B, que é precisamente o que estes galvões parecem desejar quando se arrogam do seu estatuto de Capitães de Abril para dizerem que são contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, como se a Revolução dos Cravos não tivesse sido feita para os homossexuais.<br /><br />Defender os que estes senhores defendem, na qualidade de militares de Abril e dando pleno verbo à sua homofobia, tem tanto de justo e lógico como um capitão de esquerda afirmar que a revolução não se fez para Portugal ser governado por partidos de direita ou um militar católico defender que o 25 de Abril não se fez para os judeus, os muçulmanos, os budistas ou os ateus. Por outras palavras, querer reduzir um regime aberto e inclusivo à diminuta capacidade de tolerância e compreensão destes galvões de hoje. Ó tempo, não voltes para trás...<br /><br /><br /><span style="font-size:85%;">Publicado em simultâneo no </span><a href="http://devaneioslgbt.blogspot.com/"><span style="font-size:85%;">Devaneios LGBT</span></a>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-63660672630473379112010-02-16T22:58:00.003+00:002010-02-16T23:30:54.707+00:00Boom, baby!<div align="center"><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/nm-wiB60nHs&hl=pt_PT&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/nm-wiB60nHs&hl=pt_PT&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object></div><br /><br />Este vídeo é uma trailer fenomenal feita por um fã da série de animação americana <em>Avatar - O Último Mestre do Ar</em>. Estreada em 2005 e criada por Michael DiMartino e Brian Konietzko, conta a história de um mundo dividido em quatro nações de humanos com um poder nativo para controlarem um dos elementos - os Nómadas do Ar, as Tribos da Água, os Reinos da Terra e a Nação do Fogo - e do Avatar, a reencarnação cíclica do Espírito da Terra com poder para governar todos os elementos naturais e, como tal, com capacidade para manter as coisas mais ou menos equilibradas.<br /><br />Cem anos antes da narrativa começar, a Nação do Fogo está em guerra expansionista contra os restantes reinos e procura evitar a vinda do novo Avatar, perseguindo os Nómadas do Ar, já que é entre eles que nascerá a próxima reencarnação. No início da série, todos os Nómadas morreram; todos excepto uma criança que ficou aprisionada no gelo durante um século e que, só por acaso, é o Avatar. O que se segue é uma demanda pela aprendizagem das artes e segredos dos restantes elementos e o confronto final com os líderes da Nação do Fogo. E mais não digo!<br /><br />A série foi muito aclamada, fez uma legião de fãs e está prestes a rebentar a versão em filme, realizada pelo Night Shyamalan, o do <em>Sexto Sentido</em> e <em>Sinais</em>. E vai ser uma triologia (pelo que consta)! Até lá, fiquem com duas trailers para abrir o apetite :p<br /><br /><div align="center"><object width="360" height="240"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/9W1dhqc-JBs&hl=pt_PT&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/9W1dhqc-JBs&hl=pt_PT&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="360" height="240"></embed></object> <object width="360" height="240"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/3XCEbXZwjzs&hl=pt_PT&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/3XCEbXZwjzs&hl=pt_PT&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="360" height="240"></embed></object></div>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-9206411346132469642010-02-14T23:47:00.002+00:002010-02-14T23:49:52.366+00:00OMGs!Tenham medo! Tenham muito medo de terem pesadelos ou que vos rebente uma veia de tanto rirem com isto:<br /><br /><div align="center"><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/-s2-NjzVDfM&hl=pt_PT&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/-s2-NjzVDfM&hl=pt_PT&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" height="344" width="425"></embed></object></div><br /><br /><span style="font-weight: bold;">M-E-D-O!</span>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-20708907251353594182010-02-13T19:57:00.004+00:002010-02-13T20:05:49.199+00:00Se choraram com o Milk...... vão chorar muito mais com este:<br /><br /><div align="center"><object height="244" width="325"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/FYJTQrPbWAo&hl=pt_PT&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/FYJTQrPbWAo&hl=pt_PT&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" height="244" width="325"></embed></object></div><br /><br />Via o sítio da <a href="http://amplosbo.wordpress.com/">AMPLOS</a>, onde também podem encontrar a <a href="http://amplosbo.wordpress.com/2010/02/13/hoje-na-revista-unica-do-expresso-sim-somos-gays/">reportagem</a> de hoje da Revista Expresso, sobre adolescentes que saem do armário e os pais que os aceitam (ou não!).<br /><br />Publicado em simultâneo no <a href="http://devaneioslgbt.blogspot.com/">Devaneios LGBT</a>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-77704837258617394642010-02-12T11:54:00.002+00:002010-02-12T12:03:01.127+00:00A censura "à portuguesa"Eu percebo a lógica de dizer <a href="http://jugular.blogs.sapo.pt/1575611.html">isto</a>, que é realmente estranho afirmar que há censura e fazê-lo em directo num jornal nacional. Mas apontar para essa contradição como forma de desmentir o tema em causa é não perceber o tipo de censura existente em Portugal.<br /><br />Não é a de lápis azul, prisão de opositores ou cortes súbitos de emissões. É antes a censura que se consegue pela ameaça da perda de emprego, do fim de apoios financeiros ou da rejeição de projectos. É, por outras palavras, o método do medo que gera auto-censura. E isso existe um pouco por todo o país, perpetuado por pessoas de diferentes quadrantes políticos, mas sempre com um ponto em comum: a dificuldade em lidar com críticas e o desejo de poder sem oposição. <br /><br />Se não acreditam, vão viver para uma autarquia da província e logo descobrem até onde a coisa chega. O 25 de Abril pode ter trazido o direito à livre expressão de ideias e opiniões, mas não trouxe por decreto o seu exercício pleno.Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-53849783495557552262010-02-10T20:29:00.003+00:002010-02-10T20:37:10.987+00:00À conquista<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsjP4fOJtCYvxpsuqLlHy5RBwTb6bZHOIBYbCKN3DjxpDNQP380IMHYaxYsviKdJFCX09aZZOANduBZGMu0GL_MFhW5Enjizd2aoUhyphenhyphenp3rkvkAImAPWozBZTpNwhd9MEB2A6HsVT6v47z2/s1600-h/Paulo+Rangel.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 213px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsjP4fOJtCYvxpsuqLlHy5RBwTb6bZHOIBYbCKN3DjxpDNQP380IMHYaxYsviKdJFCX09aZZOANduBZGMu0GL_MFhW5Enjizd2aoUhyphenhyphenp3rkvkAImAPWozBZTpNwhd9MEB2A6HsVT6v47z2/s320/Paulo+Rangel.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5436716352886784930" border="0" /></a><br /><br />O homem que disse que ética e política nada têm a ver é, a partir de hoje, <a href="http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/rangel-diz-que-e-preciso-uma-ruptura-politica_1422186">candidato à liderança do PSD</a> e quer ser chefe do Governo para elevar o país. Edificante...Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-13285527014748855222010-02-09T21:10:00.004+00:002010-02-09T22:03:59.090+00:00Da claustrofobia, asfixia e outras coisas mais<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzy4yTcjUInsdxFLStliKnhb7PY7CgR4aHX7IHm_Uo9nq4vam7vBGrWwG-yBfc6XqO87IYMQ0OL2sK-Sd75MECNcSAg7imLCfagiBFqf7SC_UCvptUAcIhAzH-g5i9z9mnij8Ywc2g-WFV/s1600-h/Liberdade+de+express%C3%A3o.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 225px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzy4yTcjUInsdxFLStliKnhb7PY7CgR4aHX7IHm_Uo9nq4vam7vBGrWwG-yBfc6XqO87IYMQ0OL2sK-Sd75MECNcSAg7imLCfagiBFqf7SC_UCvptUAcIhAzH-g5i9z9mnij8Ywc2g-WFV/s320/Liberdade+de+express%C3%A3o.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5436365840845142050" border="0" /></a> Há ausência de liberdade de expressão em Portugal? Não! Há condicionamentos ao exercício da liberdade de expressão? Sim! Mas esse mal não tem raiz em nenhum partido ou político em particular, mesmo sendo José Sócrates um burocrata birrento que lida mal com críticas. O problema está na organização do actual regime democrático e na falta de cultura política - seja do agente político, seja do cidadão.<br /><br />Há uns anos atrás, um jornal de Alcobaça publicou uma sátira minha ao Presidente da Câmara de então. Entre as concordâncias e discordâncias de muitos, houve quem dissesse - a mim ou ao meus pais - que eu devia ter cuidado com o que escrevia, que qualquer dia eu podia precisar da autarquia e arriscava-me a ficar de mãos a abanar. E, mais ou menos pela mesma altura, o executivo camarário obrigou a organização de uma exposição a excluir da lista de artistas um professor universitário natural de Alcobaça por causa das sátiras e críticas que ele dirigia à Câmara.<br /><br />É esta a asfixia democrática do país! Não é censura de lápis azul, que essa, felizmente, já lá vai, mas são as pressões, as ameaças veladas e os bloqueios burocráticos estrategicamente ocorridos que alimentam um clima de medo e de consequente auto-censura. E o que é verdade para Alcobaça é verdade para a generalidade das autarquias portuguesas, principalmente na província, ou para as regiões autónomas, mormente para a Madeira, e é transversal à classe e partidos políticos. Alguém acha que a Manuela Ferreira Leite que fez uma autêntica purga às listas do PSD para a Assembleia da República tem mais facilidade em lidar com críticas do que José Sócrates? Já ninguém se lembra das pressões do Governo de Santana Lopes por causa das crónicas televisivas de Marcelo Rebelo de Sousa? O mal é muito mais profundo do que as acções deste ou daquele partido, desta ou aquela pessoa.<br /><br />O problema radica na ausência de uma cultura de mérito e na presença esmagadora da da cunha, do favor e do tráfico de influências que alimenta e da qual se alimentam as organizações de distribuição de contratos em que se transformaram os partidos políticos. É uma verdadeira relação parasitária para benefício mútuo! De um lado estão os que, com a benesse de uma "amizade", conseguem o que de outra forma lhes escapava; do outro, os aparelhos partidários que, desse modo, cativam apoios públicos ou privados. E, no meio da cumplicidade e do medo de perder a cunha - e o proveito que dela se retira - morre a liberdade de se falar sem receio de represálias. Foi com esse fantasma que me acenaram em Alcobaça ou dessa forma que castigaram outra pessoa; é assim um pouco por todo o país, independentemente da militância partidária dos agentes.<br /><br />Disse alguém em tempos que a ausência de cultura de debate não se fica só a dever à falta de interesse ou à fraca instrução dos Portugueses, mas radica também no simples facto de poucas pessoas serem verdadeiramente livres: alguém está dependente de alguém e não fala por receio de represálias. Claro que há aqui qualquer coisa de hábitos mentais de outros tempos ou um "ter o Salazar na cabeça"; mas há também a consciência da escassez de ética da parte de quem têm poder e da incapacidade da Justiça em proteger quem se arrisca a ser prejudicado pelo livre e justo exercício da liberdade de expressão. E é por estas e por outras que eu às vezes já não sei até que ponto sou de esquerda: a partir do momento em que o Estado é o principal empregador e cliente - e o aparelho estatal é controlado por aparelhos partidários fechados e imunes à rotatividade - então está aberto o caminho para a intimidação e consequente condicionamento da liberdade de expressão.<br /><br />A solução? Reduzir o peso do Estado, desburocratizar para permitir o sucesso por via do mérito à luz de critérios mais simples e públicos, sem necessidade de declarações de "Projecto de Interesse Nacional", e reformar o sistema democrático para permitir a livre candidatura de cidadãos aos cargos políticos, sem necessidade de um crivo partidário e sem terem que se esconder atrás do anonimato colectivo de listas. Fácil de dizer, difícil de fazer, eu sei. Mas nunca ninguém disse que para sair do pântano basta um estalar de dedos ou simples mudança de partido no Governo.<qtlend></qtlend><qtlend></qtlend><br /><qtlbar id="qtlbar" dir="ltr" style="padding: 0pt; display: inline; text-align: left; line-height: 100%; background-color: rgb(236, 236, 236); -moz-border-radius-topleft: 3px; -moz-border-radius-topright: 3px; -moz-border-radius-bottomright: 3px; -moz-border-radius-bottomleft: 3px; cursor: pointer; z-index: 999; left: 276px; top: 869px;"><img class="qtl" title="Copy selction" src="http://www.qtl.co.il/img/copy.png" /><a title="Search With Google" target="_blank" href="http://www.google.com/search?q=H%C3%A1%20aus%C3%AAncia%20de%20liberdade%20de%20express%C3%A3o%20em%20Portugal?%20N%C3%A3o%21%20H%C3%A1%20condicionamentos%20ao%20exerc%C3%ADcio%20da%20liberdade%20de%20express%C3%A3o?%20Sim%21%20Mas%20esse%20mal%20n%C3%A3o%20tem%20raiz%20em%20nenhum%20partido%20ou%20pol%C3%ADtico%20em%20particular,%20mesmo%20sendo%20Jos%C3%A9%20S%C3%B3crates%20um%20burocrata%20birrento%20que%20lida%20mal%20com%20cr%C3%ADticas.%20O%20problema%20est%C3%A1%20na%20organiza%C3%A7%C3%A3o%20do%20actual%20regime%20democr%C3%A1tico%20e%20na%20falta%20de%20cultura%20pol%C3%ADtica%20-%20seja%20do%20agente%20pol%C3%ADtico,%20seja%20do%20cidad%C3%A3o.%0D%0A%0D%0AH%C3%A1%20uns%20anos%20atr%C3%A1s,%20um%20jornal%20de%20Alcoba%C3%A7a%20publicou%20uma%20s%C3%A1tira%20minha%20ao%20Presidente%20da%20C%C3%A2mara%20de%20ent%C3%A3o.%20Entre%20as%20concord%C3%A2ncias%20e%20discord%C3%A2ncias%20de%20muitos,%20houve%20quem%20dissesse%20-%20a%20mim%20ou%20ao%20meus%20pais%20-%20que%20eu%20devia%20ter%20cuidado%20com%20o%20que%20escrevia,%20que%20qualquer%20dia%20eu%20podia%20precisar%20da%20autarquia%20e%20arriscava-me%20a%20ficar%20de%20m%C3%A3os%20a%20abanar.%20E,%20mais%20ou%20menos%20pela%20mesma%20altura,%20o%20executivo%20camar%C3%A1rio%20obrigou%20a%20organiza%C3%A7%C3%A3o%20de%20uma%20exposi%C3%A7%C3%A3o%20a%20excluir%20da%20lista%20de%20artistas%20um%20professor%20universit%C3%A1rio%20natural%20de%20Alcoba%C3%A7a%20por%20causa%20das%20s%C3%A1tiras%20e%20cr%C3%ADticas%20que%20ele%20dirigia%20%C3%A0%20C%C3%A2mara.%0D%0A%0D%0A%C3%89%20esta%20a%20asfixia%20democr%C3%A1tica%20do%20pa%C3%ADs%21%20N%C3%A3o%20%C3%A9%20censura%20de%20l%C3%A1pis%20azul,%20que%20essa,%20felizmente,%20j%C3%A1%20l%C3%A1%20vai,%20mas%20s%C3%A3o%20as%20press%C3%B5es,%20as%20amea%C3%A7as%20veladas%20e%20os%20bloqueios%20burocr%C3%A1ticos%20estrategicamente%20ocorridos%20que%20alimentam%20um%20clima%20de%20medo%20e%20de%20consequente%20auto-censura.%20E%20o%20que%20%C3%A9%20verdade%20para%20Alcoba%C3%A7a%20%C3%A9%20verdade%20para%20a%20generalidade%20das%20autarquias%20portuguesas,%20principalmente%20na%20prov%C3%ADncia,%20ou%20para%20as%20regi%C3%B5es%20aut%C3%B3nomas,%20mormente%20para%20a%20Madeira,%20e%20%C3%A9%20transversal%20%C3%A0%20classe%20e%20partidos%20pol%C3%ADticos.%20Algu%C3%A9m%20acha%20que%20a%20Manuela%20Ferreira%20Leite%20que%20fez%20uma%20aut%C3%AAntica%20purga%20%C3%A0s%20listas%20do%20PSD%20para%20a%20Assembleia%20da%20Rep%C3%BAblica%20tem%20mais%20facilidade%20em%20lidar%20com%20cr%C3%ADticas%20do%20que%20Jos%C3%A9%20S%C3%B3crates?%20J%C3%A1%20ningu%C3%A9m%20se%20lembra%20das%20press%C3%B5es%20do%20Governo%20de%20Santana%20Lopes%20por%20causa%20das%20cr%C3%B3nicas%20televisivas%20de%20Marcelo%20Rebelo%20de%20Sousa?%20O%20mal%20%C3%A9%20muito%20mais%20profundo%20do%20que%20as%20ac%C3%A7%C3%B5es%20deste%20ou%20daquele%20partido,%20desta%20ou%20aquela%20pessoa.%0D%0A%0D%0AO%20problema%20radica%20na%20aus%C3%AAncia%20de%20uma%20cultura%20de%20m%C3%A9rito%20e%20na%20presen%C3%A7a%20esmagadora%20da%20da%20cunha,%20do%20favor%20e%20do%20tr%C3%A1fico%20de%20influ%C3%AAncias%20que%20alimenta%20e%20da%20qual%20se%20alimentam%20as%20organiza%C3%A7%C3%B5es%20de%20distribui%C3%A7%C3%A3o%20de%20contratos%20em%20que%20se%20transformaram%20os%20partidos%20pol%C3%ADticos.%20%C3%89%20uma%20verdadeira%20rela%C3%A7%C3%A3o%20parasit%C3%A1ria%20para%20benef%C3%ADcio%20m%C3%BAtuo%21%20De%20um%20lado%20est%C3%A3o%20os%20que,%20com%20a%20benesse%20de%20uma%20%22amizade%22,%20conseguem%20o%20que%20de%20outra%20forma%20lhes%20escapava;%20do%20outro,%20os%20aparelhos%20partid%C3%A1rios%20que,%20desse%20modo,%20cativam%20apoios%20p%C3%BAblicos%20ou%20privados.%20E,%20no%20meio%20da%20cumplicidade%20e%20do%20medo%20de%20perder%20a%20cunha%20-%20e%20o%20proveito%20que%20dela%20se%20retira%20-%20morre%20a%20liberdade%20de%20se%20falar%20sem%20receio%20de%20repres%C3%A1lias.%20Foi%20com%20esse%20fantasma%20que%20me%20acenaram%20em%20Alcoba%C3%A7a%20ou%20dessa%20forma%20que%20castigaram%20outra%20pessoa;%20%C3%A9%20assim%20um%20pouco%20por%20todo%20o%20pa%C3%ADs,%20independentemente%20da%20milit%C3%A2ncia%20partid%C3%A1ria%20dos%20agentes.%0D%0A%0D%0ADisse%20algu%C3%A9m%20em%20tempos%20que%20a%20aus%C3%AAncia%20de%20cultura%20de%20debate%20n%C3%A3o%20se%20fica%20s%C3%B3%20a%20dever%20%C3%A0%20falta%20de%20interesse%20ou%20%C3%A0%20fraca%20instru%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Portugueses,%20mas%20radica%20tamb%C3%A9m%20no%20simples%20facto%20de%20poucas%20pessoas%20serem%20verdadeiramente%20livres:%20algu%C3%A9m%20est%C3%A1%20dependente%20de%20algu%C3%A9m%20e%20n%C3%A3o%20fala%20por%20receio%20de%20repres%C3%A1lias.%20Claro%20que%20h%C3%A1%20aqui%20qualquer%20coisa%20de%20h%C3%A1bitos%20mentais%20de%20outros%20tempos%20ou%20um%20%22ter%20o%20Salazar%20na%20cabe%C3%A7a%22;%20mas%20h%C3%A1%20tamb%C3%A9m%20a%20consci%C3%AAncia%20da%20escassez%20de%20%C3%A9tica%20da%20parte%20de%20quem%20t%C3%AAm%20poder%20e%20da%20incapacidade%20da%20Justi%C3%A7a%20em%20proteger%20quem%20se%20arrisca%20a%20ser%20prejudicado%20pelo%20livre%20e%20justo%20exerc%C3%ADcio%20da%20liberdade%20de%20express%C3%A3o.%20E%20%C3%A9%20por%20estas%20e%20por%20outras%20que%20eu%20%C3%A0s%20vezes%20j%C3%A1%20n%C3%A3o%20sei%20at%C3%A9%20que%20ponto%20sou%20de%20esquerda:%20a%20partir%20do%20momento%20em%20que%20o%20Estado%20%C3%A9%20o%20principal%20empregador%20e%20cliente%20-%20e%20o%20aparelho%20estatal%20%C3%A9%20controlado%20por%20aparelhos%20partid%C3%A1rios%20fechados%20e%20imunes%20%C3%A0%20rotatividade%20-%20ent%C3%A3o%20est%C3%A1%20aberto%20o%20caminho%20para%20a%20intimida%C3%A7%C3%A3o%20e%20consequente%20condicionamento%20da%20liberdade%20de%20express%C3%A3o.%0D%0A%0D%0AA%20solu%C3%A7%C3%A3o?%20Reduzir%20o%20peso%20do%20Estado,%20desburocratizar%20para%20permitir%20o%20sucesso%20por%20via%20do%20m%C3%A9rito%20%C3%A0%20luz%20de%20crit%C3%A9rios%20mais%20simples%20e%20p%C3%BAblicos,%20sem%20necessidade%20de%20declara%C3%A7%C3%B5es%20de%20%22Projecto%20de%20Interesse%20Nacional%22,%20e%20reformar%20o%20sistema%20democr%C3%A1tico%20para%20permitir%20a%20livre%20candidatura%20de%20cidad%C3%A3os%20aos%20cargos%20pol%C3%ADticos,%20sem%20necessidade%20de%20um%20crivo%20partid%C3%A1rio%20e%20sem%20terem%20que%20se%20esconder%20atr%C3%A1s%20do%20anonimato%20colectivo%20de%20listas.%20F%C3%A1cil%20de%20dizer,%20dif%C3%ADcil%20de%20fazer,%20eu%20sei.%20Mas%20nunca%20ningu%C3%A9m%20disse%20que%20para%20sair%20do%20p%C3%A2ntano%20basta%20um%20estalar%20de%20dedos%20ou%20simples%20mudan%C3%A7a%20de%20partido%20no%20Governo."><img src="http://www.google.com/favicon.ico" class="qtl" /></a><img src="http://www.babylon.com/favicon.ico" title="Translate With Babylon" class="qtl" /><iframe id="qtlframe" src="" style="border: 1px solid rgb(236, 236, 236); display: none; background-color: white;"></iframe></qtlbar>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-32687691092788463802010-02-06T18:13:00.003+00:002010-02-06T22:24:27.086+00:00Privado, mas não tantoJosé Sócrates diz que as notícias sobre as escutas telefónicas são <a href="http://www.publico.clix.pt/Pol%C3%ADtica/socrates-classifica-noticias-das-escutas-como-jornalismo-de-buraco-de-fechadura_1421573">"jornalismo de buraco de fechadura"</a>, mas não parece dizer se o conteúdo dessas notícias é verdadeiro ou não, se existiam ou não planos para controlar a comunicação social e isolar o Presidente da República. <br /><br />Em vez disso, o argumento parece ser o da devassa da vida privada, o que pouco importa caso o que os jornais dizem seja verdade: há conversas que, mesmo quando privadas, podem revelar atentados à lei e ao Estado de Direito, principalmente quando os intervenientes são pessoas com cargos políticos. Se assim não fosse, há crimes que deixariam de o ser só pelo simples facto de terem lugar na vida íntima de uma pessoa...Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-44608519682680834972010-02-05T21:40:00.003+00:002010-02-05T22:19:42.757+00:00O snob LGBTA respeito da edição de ontem do programa <em>Linha da Frente</em> e das palavras do Sérgio Vitorino sobre uma postura <em>snob</em> dentro do meio LGBT que acabou por afectar a Teresa e a Helena, volto a dizer que concordo com ele. Mas há que distinguir diferentes níveis de "snobismo" (esta palavra soa mal que se farta):<br /><br />1. Há o sentimento de superioridade em relação ao outro por causa de coisas como o sotaque, a forma de andar, a aparência física, a roupa, o grau de instrução e etc. Isto é verdade para hetero e homossexuais, com a agravante de, para os últimos, poder ser mais uma chaga quando já se está ferido pelo medo, discriminação e preconceito.<br /><br />2. Depois há pessoas que interiorizam o estereótipo ao ponto de fazerem dele uma auto-imagem voluntariamente projectada: o gay é alguém com estilo, requinte e bom gosto; é urbano, artístico e bem formado. Isto faz parte da imagem que muitos Portugueses têm de um homossexual e é também parte do próprio imaginário dentro da comunidade. Não quer dizer que não haja pessoas que sejam de facto cultas e cosmopolitas e que não tenham mérito nisso e no que fazem, mas há também aqueles que querem ser <em>assim</em> porque acham que é isso o que significa ser homossexual. E, por consequência, são esses os primeiros a apontar o dedo aos que, dentro do meio LGBT, não correspondem a esse padrão "popular": os provincianos, as sapatonas, os incultos, etc. Por vezes até como forma de rejeitarem aquilo que já foram ou não querem ser.<br /><br />Quanto à falta de apoio associativo, também eu fiquei embasbacado com o que ouvi, mas não sei até que ponto as organizações LGBT portuguesas têm capacidade para fazerem mais do que "dar o peixe em vez de ensinar a pescar". Afinal, é conhecida a fragilidade da sociedade civil e do quão difícil é mobilizá-la, deficiências que se tornam gritantes quando estamos a falar de associações de uma minoria sexual ainda tão escondida.<br /><br /><br /><span style="font-size:85%;">Publicado em simultâneo no </span><a href="http://devaneioslgbt.blogspot.com/"><span style="font-size:85%;">Devaneios LGBT</span></a>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-61468123442788563992010-02-04T22:54:00.005+00:002010-02-04T23:22:06.108+00:00A (re)ver<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI2I54BDsFmIOQ4LAABwsrlENEN5cNg_YGCnlIxlMGBxN3ByUYtaTB0l4O-XsMm3DklKcI_cbmSW0bvFnHgXdHZPBo0EDuK3pn4A8-niSrk2iY-CCXD_DL4XC7-cuPuWIrbMCZOh1CyHip/s1600-h/Teresa+%26+Helena.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 154px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI2I54BDsFmIOQ4LAABwsrlENEN5cNg_YGCnlIxlMGBxN3ByUYtaTB0l4O-XsMm3DklKcI_cbmSW0bvFnHgXdHZPBo0EDuK3pn4A8-niSrk2iY-CCXD_DL4XC7-cuPuWIrbMCZOh1CyHip/s200/Teresa+%26+Helena.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5434531430102161602" border="0" /></a>A edição de ontem do programa «Linha da Frente» merece ser vista e revista. Pela pertinência do tema e da sua relação com a dignidade numa sociedade que se quer livre e justa e pela exposição que faz da descarada homofobia de um país onde se chega a argumentar que o casamento não é necessário porque os direitos dos homossexuais já são respeitados. Pois... Só se for para os que vivem as suas relações afectivas dentro de um armário, escondidos como nos mais íntimos desejos de quem diz respeitar gays e lésbicas, mas opõe-se à igualdade plena na lei e na vida em sociedade. Porque é isso aquilo a que o artigo 13º se refere: não é o ser igual na privacidade de quatro paredes, mas na vida pública ou na interacção com a comunidade. Igualdade no trabalho, no acesso a bens e serviços e nas relações afectivas, incluindo o seu reconhecimento legal e manifestação pública.<br /><br />O vídeo do programa pode ser visto <a href="http://ww1.rtp.pt/multimedia/index.php?tvprog=25508&idpod=35137&formato=wmv&pag=recentes&escolha=">aqui</a>. E, a respeito do que diz o Sérgio - sobre a atitude snob dentro do próprio mundo gay - sim, é verdade! Já a senti na pele e já a vi atingir outros.<br /><span style="font-size:85%;"><br /><br />Publicado em simultâneo no </span><a href="http://devaneioslgbt.blogspot.com/"><span style="font-size:85%;">Devaneios LGBT</span></a>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-33858314746040956012010-02-03T10:45:00.003+00:002010-02-03T10:57:13.143+00:00Destapar um regressoSim, este blogue tem andado mais morto que vivo e não, nunca tive intenção de o apagar. Foi demasiado pensado na sua abertura para agora mandar para o lixo um projecto que parou porque andei com inspiração a menos e ocupação a mais, a que se juntou o efeito Facebook que, à semelhança daquela música dos Buggles em 1979, esteve para a blogosfera como o vídeo para a estrela de rádio (ainda se lembram dessa canção, certo?). E a vinda para Santiago de Compostela também não ajudou por ter cortado com uma rotina que já estava a ganhar raízes.<br /><br />Mas o descanso acabou! Já sinto falta de escrever sem as limitações do Facebook e eu não quero mesmo deixar morrer isto. Por isso, destapemos o véu de um repouso e abra-se novo capítulo na antecâmara do antigo Ano Novo com <a href="http://www.publico.pt/Mundo/homem-que-obrigaria-a-mulher-a-cobrir-o-rosto-nao-pode-ser-frances_1421064">este<caso></caso></a> caso - o de um homem a quem a cidadania francesa foi rejeitada por obrigar a mulher a usar um véu integral - para deixar uma pergunta:<br /><br /><strong>Como é que se garante o direito a mostrar a cara à mulher que quiser fazê-lo e apesar das pressões da família?</strong> E não vale dizer "recusar a cidadania ao marido"...Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-40316036185778320752009-11-06T12:33:00.003+00:002009-11-06T12:47:27.109+00:00Para a semana, no PortoÉ mais um a juntar a lista para o caso do senhor Cavaco querer argumentar que o debate está por fazer. No próximo dia <b>11 de Novembro, às 21h</b>, vai realizar-se um debate sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo, a ter lugar <b>nas instalações do ISEP (Instituto Superior de Engenharia do Porto), Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 431</b>. Para referência de quem não conhece bem a cidade, fica ao lado da estação de metro do IPO.<br /><br />Estarão presentes:<br />- Representantes dos Partidos com assento Parlamentar;<br />- Sexólogo;<br />- Activista LGBT;<br />- Jurista;<br />- Representante da Igreja.<br /><br />Actualizações e informações: <a href="http://www.ass-casa.org/">www.ass-casa.org</a><br /><br />Publicado em simultâneo no <a href="http://devaneioslgbt.blogspot.com/"><span style="font-size:85%;">Devaneios LGBT</span></a>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-47138216872010421432009-10-31T18:01:00.004+00:002009-10-31T18:49:57.882+00:00Das coisas wiccanescas deste dia<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaw9Xuj97-io30Hnvz3_v74N1D-OTCSyv6FoL59JKBtzEKSNxsqsune-3ErnWXgTDX2H5LR7HBe4cK6wSvO25sTnrkiqbmJpT6NuhTyvWlE2BW9hLdsewxt8PLPc54k8eoQrBfMbSYecyY/s1600-h/Jack-o-Lantern.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 236px; height: 227px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaw9Xuj97-io30Hnvz3_v74N1D-OTCSyv6FoL59JKBtzEKSNxsqsune-3ErnWXgTDX2H5LR7HBe4cK6wSvO25sTnrkiqbmJpT6NuhTyvWlE2BW9hLdsewxt8PLPc54k8eoQrBfMbSYecyY/s320/Jack-o-Lantern.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5398837798872885250" border="0" /></a>Já que estamos no <em>Dia das Bruxas</em> e este é um blogue pagão, não é má ideia deixar aqui três breves notas sobre a celebração pré-cristã para esclarecimento dos curiosos ou dos que, tendo acesso a literatura wiccan e afins, acaba por absorver informação que deixa muito a desejar no rigor histórico.<br /><br /><strong>1.</strong> O popularmente chamado <em>Halloween</em> terá, tanto quanto se sabe, raízes no celta Samhain, o festival que marcava o final do verão e o início da estação escura, porque menos abundante em luz solar. E friso a natureza celta da coisa: qualquer ideia de que os nórdicos também celebravam o Samhain é puro engano. Trata-se de uma falácia derivada da suposição - também ela errada - de que o calendário wiccan de oito festivais era uma coisa comum a todas as religiões pré-cristãs europeias. Os únicos povos germânicos que poderão ter celebrado o Samhain foram as tribos nos limites do mundo romano - onde a distinção entre celta e germânico era naturalmente mais diluída - e os anglos, jutos e saxões que migraram para as Ilhas Britânicas, situação que podia ter permitido um cruzamento de tradições. No resto do norte da Europa indo-europeia, conhece-se apenas a celebração das <em>Noites de Inverno</em>, já num contexto cultural diferente e com outros elementos associados.<br /><br /><strong>2.</strong> A datação fixa do Samhain na noite de 31 de Outubro é resultado da adopção do calendário romano e do próprio processo de cristianização. A data do festival pré-cristão seria determinada pelo ciclo lunar e/ou pelo comportamentos animal (como as migrações, por exemplo), o que quer dizer que, na actual organização do nosso tempo, o Samhain original tanto podia calhar em meados de Outubro como um mês depois.<br /><br /><strong>3.</strong> Correndo o risco de dizer o óbvio, a abóbora não fazia parte das tradições pré-cristãs associadas ao Samhain. Não porque houvesse algum tabu sobre a coisa, mas porque, pura e simplesmente, é um fruto oriundo do continente americano, o que quer dizer que foi preciso esperar pela colonização europeia da América do Norte no século XVI para as primeiras abóboras chegarem ao continente europeu. Os celtas não faziam os "Jack-o-Lanterns" dos nossos dias.<br /><br />Dito isto, um bom Halloween para todos :)Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-54858584923027464532009-10-24T13:02:00.004+01:002009-11-02T00:09:19.477+00:00PrioridadesA Igreja Católica <a href="http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1399949">critica a entrada do casamento entre pessoas do mesmo sexo na agenda parlamentar</a> e choca-se que tal aconteça quando há tantos problemas por resolver. Desemprego, pobreza, baixas qualificações, baixos salários, condições de vida e de trabalho precárias... males por atender é coisa que não falta neste país.<br /><br />Só não se percebe é porque é que a Igreja não é coerente e não pede, nesse caso, o fim do campeonato de futebol, que ocupa tanto espaço nos jornais, telejornais energias e gastos das famílias no meio da presente crise. Ou porque é que a Conferência Episcopal Portugal não se insurge com a mesma veemência contra a abertura de telejornais com notícias sobre o Ronaldo, que há gente no desemprego e a passar sérias dificuldades - tantos problemas por resolver! - e andam as televisões a falar das pernas, da casa, do carro, da roupa, da carreira, do ordenado, da transferência, das namoradas e sei lá mais o quê do Ronaldo. Ou, já agora, porque é que a Igreja não pede o encerramento dos teatros e cinemas, que andamos a perder tempo com entretenimento diário quando há soluções para os nossos males à espera de serem encontradas e aplicadas.<br /><br />O perigo do argumento das prioridades é que há sempre qualquer coisa que qualquer pessoa pode apontar como sendo mais premente. Certamente que haverá até quem acuse as missas de serem uma perda de tempo que podia ser aplicado na resolução dos nossos problemas. E é também um bom refúgio retórico quando já não se tem qualquer outro argumento contra uma coisa, neste caso contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Aliás, a falta de exercício mental da Igreja sobre o assunto está plasmada nas palavras de D. Januário Turgal, Bispo das Forças Armadas: "<span id="ctl00_ctl00_bcr_maincontent_ThisContent">As pessoas que votaram sabiam a posição dos partidos. Agora quero é saber o que pensam os juristas sobre o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo." Os juristas já discutem o assunto há vários anos; até já deu direito à publicação de pareceres. Aí está o verdadeiro problema da Igreja: não é o desemprego ou a pobreza, mas a noção legal de casamento.<br /><br /><br /><span style="font-size:85%;">Publicado em simultâneo no </span><a href="http://devaneioslgbt.blogspot.com/"><span style="font-size:85%;">Devaneios LGBT</span></a></span>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-18244321569067121962009-10-22T21:59:00.006+01:002009-11-02T00:10:20.907+00:00It's Sweden, baby!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHdABbeOv-PiA6ZXQsdEww7NW6-XqtHhkxaZrkgOjoQU55V01WbDihvnBubRNWKQtX32mm23qx4Rv60v1gm9O26ZNYViD8uPVxMclJIQQvHLf8tKmgCczWqIxirA_BojfSj7Q52vHPygre/s1600-h/Bandeira+sueca+01.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHdABbeOv-PiA6ZXQsdEww7NW6-XqtHhkxaZrkgOjoQU55V01WbDihvnBubRNWKQtX32mm23qx4Rv60v1gm9O26ZNYViD8uPVxMclJIQQvHLf8tKmgCczWqIxirA_BojfSj7Q52vHPygre/s320/Bandeira+sueca+01.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5395580591072309634" border="0" /></a>Há uns anos atrás, a Igreja Sueca enviou uma delegação à Marcha do Orgulho LGBT de Estocolmo. Sim, leram bem: uma instituição religiosa participou naquele evento que, em Portugal, ainda desperta nojo e motiva rejeição em larga escala, a começar no seio da própria comunidade homo e bissexual. Não por lá a marcha ser uma coisa "limpa" e "séria", que são eufemismos para a ausência de bichas e travestis, mas porque na Suécia parece haver maior facilidade em compreender que a coisa é feita por quem participa e não por quem fica de fora a criticar: se não te sentes representado pela Marcha, faz-te representar e participa! E a Igreja Sueca parece ter percebido isso.<br /><br />Em 2006, quando eu ainda estava por terras suecas, já se ouvia falar aqui e ali da possibilidade de serem abençoados casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo sem, no entanto, ser realizada uma cerimnónia de casamento de facto. Falei do assunto a uma sueca que morava comigo e ela puxa de uma história de família. Ela tinha um irmão mais novo - 16 ou 17 anos - que tinha assumido a sua homossexualidade perante a família uns anos antes. Dos pais nada de rejeição e, da parte do irmão mais novo, veio o gesto de meter o mano num guarda-roupa, fechar e abrir as portas e gritar: agora estás fora do armário! Pouco tempo depois, o rapaz decidiu afastar-se da paróquia local, em protesto contra a homofobia de algumas pessoas dentro da Igreja Sueca. A reacção? Os outros paroquianos convidaram-no a voltar e a expressar a sua sexualidade sem receios; que respeitavam a orientação dele e rejeitavam a discriminação defendida por outros. E nada disto com o intuito de o "curar", mas sim de o acolher como ele era, sem preconceitos.<br /><br />Em 2009, <a href="http://www.publico.pt/Mundo/igreja-sueca-vai-casar-homossexuais_1406414">a Igreja Sueca anuncia que vai realizar casamentos religiosos entre pessoas do mesmo sexo</a>. Surpresa? Para mim, nenhuma! A decisão já andava a ser preparada há algum tempo. É a afirmação da igualdade como um príncipio que não conhece fé, tal como não conhece raça ou sexo e o reconhecimento da dignidade pública das relações homossexuais no interior de uma das grandes religiões monoteístas, precisamente a origem de muita da oposição aos direitos dos homossexuais, bissexuais e transgéneros. É um marco, tal como foi a sagração de um bispo abertamente gay há uns anos atrás nos Estados Unidos da América.<br /><br />O contraste entre nós e eles não podia ser maior. De um lado, aquele país nórdico onde até uma Igreja já acolhe sem "tibiezas" casais de pessoas do mesmo sexo; do outro, este Portugal há beira-mar plantado onde o casamento civil sem que o catolicismo meta o bedelho já é uma luta e pêras. Que sirva de lição a muitos: a Suécia, que também foi afectada pela crise económica e defronta-se com a necessidade de reforma do Estado Social, não acha que isso impeça avanços na agenda LGBT. Nem é um país à beira do colapso social ou civilizacional por reconhecer a dignidade pública dos homossexuais. A Suécia, que é uma monarquia com um governo de direita, dá lições de igualdade a um Portugal republicano com um governo socialista. Que saudades das terras suecas!<br /><br /><span style="font-size:85%;"><br />Publicado em simultâneo no </span><a href="http://devaneioslgbt.blogspot.com/"><span style="font-size:85%;">Devaneios LGBT</span></a>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-37176421390065152492009-10-21T18:00:00.003+01:002009-10-21T18:24:21.057+01:00Ainda sobre SaramagoTem alguma (triste) piada ver como a discussão em torno das declarações de José Saramago são encaradas por muita gente como uma questão de clubes: se se é ateu, acha-se que ele tem razão; se se é católico (ou judeu ou muçulmano) acha-se que ele está errado e é ofensivo. Como se não houvesse verdade e mentira nos argumentos de ambos os lados, como se a <em>Bíblia</em> fosse toda ela um livro de horrores ou toda ela um mar de rosas com muita paz e amor. Muito simplesmente, como se a realidade fosse preta ou branca e o critério de verdade estivesse não em palavras e actos, mas na mera militância em grupos. <br /><br />Talvez seja um sintoma da nossa pequenez mental e da nossa incapacidade em pensar e falar das coisas sem ser de uma forma clubística. País do futebol, sem dúvida! Assim não há debate elevado ou honestidade intelectual que aguentem.Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4522419996058895828.post-28390057634286501612009-10-21T17:45:00.001+01:002009-10-21T17:49:14.352+01:00Ai esse fel...Sobre <a href="http://www.publico.clix.pt/Cultura/biblia-e-manual-de-maus-costumes-diz-o-escritor-jose-saramago_1405681">esta</a> entrevista a José Saramago - que continua a dar muito que falar - é-me impossível lê-la e não achar que é de uma pobreza aflitiva.<br /><br />O raciocínio é desconexo e os argumentos são primários, mais parecendo uma colagem de clichés sobre a <em>Bíblia</em>. Que foi escrita durante mil anos, que a mente por detrás da coisa foi um deus cruel, invejoso e insuportável, que as Cruzadas foram um crime do Cristianismo e um exemplo de violência em nome de uma religião, puxa de Kung para dizer que as religiões afastam os homens e gosta de sugerir uma reforma penal do Inferno, que dizem que o castigo lá é eterno e, nós por cá, limitamo-nos a uns anos de prisão seguidos de reintegração na comunidade. Termina como uma nota à Nuno Lopes e pergunta porque é que Deus não vai trabalhar e fazer algo de útil para a sociedade, que o sacana não fez nada desde que se meteu a descansar no sétimo dia.<br /><br />Saramago tem pleno direito de ser ateu e de argumentar como tal, mas não lhe ficava nada mal se o fizesse com menos rancor e mais racionalidade. Porque, bem vistas as coisas, há formas mais edificantes do que dizer que a <em>Bíblia</em> é um livro em muito desajustado da sociedade actual do que afirmar simplesmente que foi escrita durante um milénio, sem precisar, sem especificar, sem mostrar qualquer cnhecimento da coisa e pondo tudo no mesmo saco meramente com base num critério de idade. Já às Cruzadas, conjunto de guerras certamente deploráveis, facilmente se pode contrapor outros crimes hediondos e até bem mais recentes onde a motivação não foi religiosa, mas sim política ou etnica: as purgas soviéticas, as perseguições motivadas pelas crenças firmes da Revolução Cultural Chinesa ou o genocídio no Ruanda. Em nenhum destes casos houve uma classe sacerdotal a pregar guerra santa, mas todos eles mostram que qualquer ideologia, seja ela de que tipo for, pode gerar crimes hediondos. E se Hans Kung diz que as religiões afastam os homens, a História também tem exemplos do contrário; aliás, a História tem exemplos para tudo e é muito fácil chegar a determinadas conclusões quando se aponta o holofante para uns casos e se empurra outros para debaixo do tapete. As Cruzadas foram palco de inúmeros crimes? Sim! O cristianismo segregou populações inteiras - judeus e muçulmanos, nomeadamente - criando guetos dentro de cidades e sociedades inteiras? Sem dúvida! Mas também foi a Igreja a única a insituição que conseguiu ser um factor de unidade quando a autoridade imperial romana desvanecia e a Europa fragmentava-se em pequenos reinos.<br /><br />E Saramago até pode achar que Deus é uma inutilidade - e é livre de pensar assim - mas convém que tenha um pouco de honestidade intelectual. Porque se está a falar de uma narrativa religiosa que é a <em>Bíblia</em> e pergunta o que fez Deus depois de descansar ao sétimo dia, das duas uma: ou o Nobel da Literatura é ignorante ou gosta de fingir que é. Senão pensemos no Dilúvio, no Exôdo, na conquista da Palestina e na própria vinda de Cristo. Independentemente de se ser ou não cristão, dentro da narrativa religiosa judaico-cristã o que não faltam são histórias de intervenção divina. <br /><br />Se Saramago quer fazer humor, que o faça; se tem certas crenças ou opiniões e deseja manifestá-las publicamente, está no seu direito; se quer argumentar sobre alguma coisa, está à vontade. Mas é bom que o faça sem leviandades, desonestidade intelectual ou preconceitos que o põem ao mesmo nível de muita gente da alta hierarquia da Igreja Católica. Os extremos tocam-se, de facto...Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com2